sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Sociedade de massa e comunicação de massa

Sociedade de massa
Tem origem no século XIX, com a industrialização. Enormes populações deixam suas cidades e concentram-se nos grandes centros urbanos. População é atraída pelo conforto (transporte, iluminação pública, alimentos, utensílios domésticos), emprego, entretenimento. Vivem em condições de vida subumanas. Forma-se uma massa: grande quantidade de pessoas sem ordenação, sem rosto, amorfas, heterogêneas.
A sociedade de massa carrega os seguintes traços: o homem é reificado, isto é, destituído de qualidades individuais, despersonalizado, coisificado (transformado em coisa, bem de consumo, produto). O homem torna-se alienado da vida e dos projetos de vida, da vida do país, pois não dispõe de tempo livre nem de instrumentos teóricos para exercer a crítica de si mesmo e da sociedade. Não pode nem consumir o que produz porque é mal remunerado.
Outras características da sociedade de massa: idolatram estereótipos, adoram signos, idolatram conteúdos, desde que se tornem espetáculos. Por isso, a estratégia de poder se baseia na apatia e passividade das massas.

Comunicação de massa
No século XIX, a tecnologia das comunicações dá origem à comunicação de massa.
Comunicação de massa é, portanto, o processo industrializado de produção e distribuição de mensagens culturais para a coletividade, por meio de veículos mecânicos (elétricos/eletrônicos), aos públicos que constituem a massa social com o objetivo de informá-la, educá-la, entretê-la ou persuadi-la, promovendo a integração individual e coletiva na realização do bem-estar da comunidade.

Referências bibliográficas:
BELTRÃO, Luiz e QUIRINO, Newton de Oliveira. Subsídios para uma teoria da comunicação de massa. São Paulo: Summus, 1986. P. 21 a 24.
GIOVANNINI, Giovani. Evolução na comunicação. Rio: Nova Fronteira, 1984. P. 23 a 83.

O jornal

Na primeira metade do século XVI, já circulavam nas grandes cidades da Europa noticiários e boletins de caráter político e econômico; eram os chamados livros de notícias (Londres, 1513, The Treve Encountre).
O Aviso-Relation oder Zeitung, semanário publicado em Estrasburgo e em Augusta, em 1609, é considerado o primeiro jornal, no sentido atual da palavra.
A terceira década do século XIX viu a tecnologia da impressão rápida e a idéia básica de um jornal combinarem-se no primeiro verdadeiro veículo de comunicação de massa.
“No final do século XIX, estava ficando claro para os pioneiros e cientistas sociais de então que os novos veículos de massa – jornais, livros e revistas, todos os quais amplamente utilizados na sociedade -, estavam trazendo importantes mudanças para a condição humana” (BELTRÃO).
O sociólogo norte-americano Charles Horton Cooley, em 1909, declarou haver quatro fatores que tornavam os novos veículos bem mais eficientes do que os processos de comunicação de qualquer sociedade anterior: os novos meios eram mais eficazes em termos de: expressividade (por incluírem uma ampla gama de idéias e sentimentos), permanência do registro (ou a superação do passar do tempo), presteza (ou a superação do espaço/distância) e difusão (ou acesso a todas as espécies de homens).
No século XVIII os jornais passam a fazer parte do cotidiano das pessoas. O leitor passou a ser a população e não mais um círculo fechado de eruditos. A comunicação passa de um processo de produção artesanal para ser produto da industrialização.
Nascem jornais como o Mercure Galant (jornal francês, 1672), dirigido a um público de baixa escolaridade, principalmente às mulheres. Dava notícias da corte e da cidade, falava de moda e decoração, leitores enviavam versos. O jornal publicava ainda elogios sobre as ações de Luís XIV e seu exército, o que rendia ao editor uma pensão do governo. Ou jornais como o The Spectator (jornal inglês, 1711), que tinha como marca a independência em relação a partidos políticos. Sua fórmula foi disseminada em jornais na Inglaterra, França, Holanda, Alemanha, Itália, Espanha etc.
A Grã-Bretanha é o berço dos primeiros jornais diários. Isso só é possível devido à instalação de um serviço regular e diário de Correio entre Dover e Londres, em 1691. Surgem Daily Courant (1702), Daily Post (1719), Daily Journal (1720), Daily Advertiser (1730). Com as publicações cotidianas, notícias irrelevantes dão lugar às primeiras manifestações concretas do jornalismo político.
Eis alguns efeitos do aparecimento do jornal: os críticos se queixavam de que jornais traziam à luz o que deveria ser mantido em segredo. Já os admiradores, diziam que os jornais abriam a mente das pessoas. Chegou-se a creditas aos jornais o aumento do índice de suicídios na Inglaterra do século XVIII porque os jornais publicavam cartas de suicidas. Isso dava a impressão de que o suicídio era algo comum. Leitores viam o fato do ponto de vista de quem o comete. As pessoas começaram a desenvolver um certo ceticismo diante do que liam. Isso porque havia discrepâncias de um mesmo relato em diferentes jornais, gerando desconfiança nas pessoas.
Os jornais contribuem para o aparecimento da “opinião pública”. O termo tem seu primeiro registro “em francês, por volta de 1750; em inglês, em 1781; e em alemão, em 1783.”
No século XVIII surge na sociedade uma arena de debates, com argumentação crítica e racional.
Em 1814, na Inglaterra, foi patenteada a primeira prensa a vapor por Frederik Koening, instalada na sede do The Times. Economizava mão-de-obra e imprimia mil exemplares por hora. O jornal podia ser impresso mais tarde e publicar notícias mais “fresquinhas”.
O jornal Post och Inrikes Tidningar, de 1645, Suécia, era o mais antigo do mundo em circulação até 2007, quando passou a ser on line.
O telégrafo surge em 1792, para uso militar. O telefone, em 1871. As agências de notícias passam a fazer parte das redações dos jornais, encarecendo, portanto, a produção de notícias. Com custos em alta, os jornais já não se bancavam apenas com as vendas. Nesse contexto, surge a publicidade, registrada primeiramente na Itália, em 1876, no jornal Il Secolo Gazeta de Milano, que insere anúncios econômicos em sua quarta página. Os jornais viram empresas, estabelecendo ligação entre a informação e a publicidade.


O jornal no Brasil
O primeiro jornal brasileiro não era impresso no Brasil. Em junho de 1808, Hipólito da Costa funda o Correio Braziliense (ou Armazém Literário). Era impresso em Londres e dirigido aos leitores do Brasil. Em tempos de educação escassa e difusão das idéias do Iluminismo, o jornalista era considerado educador. O Correio Braziliense era mensal, tinha 100 páginas, formato e aspecto de livro, trazia longos artigos, falava sobre política, comércio, artes, literatura e ciência. Publicava documentos sobre fatos do exterior, como a derrota de Napoleão (Batalha de Waterloo, 1815). Influenciou na Independência do Brasil. Chegava ao Brasil por vias normais e em 1809 foi proibido pelo governo e passou a circular pelas províncias clandestinamente. Tinha idéias liberais, era favorável ao fim do trabalho escravo, à liberdade de opinião, pregava reformas modernizadoras. Por tudo isso, incomodava as autoridades políticas portuguesas. O jornal resistiu até 1822, quando, com a Independência do Brasil, deixou de circular, porque Hipólito acreditava que a imprensa se desenvolveria naturalmente, tornando o seu jornal menos necessário à população.
Em 10 de setembro de 1808, a Impressão Régia imprime a Gazeta do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, 60 000 habitantes), o primeiro jornal impresso no Brasil, redigido por frei Tibúrcio José da Rocha. O jornal era semanal, chapa branca, estava muito próximo ao poder e era bajulador. Informa sobre a vida administrativa e social do reino e, de vez em quando, publica notícias do exterior com meses de atraso. Circulou até 1821.
Algumas “fases” da imprensa: imprensa operária, imprensa negra, imprensa alternativa.

Curiosidades
O Diário de Pernambuco, de 1825, é o jornal mais antigo do Brasil ainda em circulação.
O Patriota, de1811, foi a primeira revista brasileira.
A Revista Ferroviária, de 1940, é a mais antiga do Brasil.

Algumas revistas brasileiras
Fon-Fon - 1907-1958 – cotidiano Rio de Janeiro (Gonzaga Duque, escritor)
Careta – 1908-1960 – revista de humor; fundada por chargista Jorge Schmidt
O Cruzeiro – 1928-1975 (Assis Chateaubriand) – grandes reportagens, dupla repórter-fotógrafo
Veja – 1968 (Mino Carta)

Um dos primeiros anúncios
“Quem quiser comprar uma morada de casas de sobrado, com frente para Santa Rita, fale com Ana Joaquina da Silva, que mora nas mesmas casas ou com o Capitão Francisco Pereira de Mesquita, que tem ordem para vender.”


Referências bibliográficas
LUSTOSA, Isabel. O Nascimento da Imprensa no Brasil.
SODRÉ, Nelson Wernek. História da Imprensa no Brasil
ROMANCINI, Richard e LAGO, Cláudia. História do Jornalismo no Brasil. Ed. Insular
MELO, José Marques de (ORG.). Imprensa Brasileira: Personagens que Fizeram História – Vol. 1. Imprensa Oficial

BELTRÃO, Luiz e QUIRINO, Newton de Oliveira. Subsídios para uma teoria da comunicação de massa. São Paulo: Summus, 1986. P. 21 a 24.
BORDENAVE, Juan Díaz. O que é comunicação. S. Paulo: Brasiliense, 2002 (27a. ed.). P. 12 a 29 e 35 a 41.
GIOVANNINI, Giovani. Evolução na comunicação. Rio: Nova Fronteira, 1984. P. 23 a 83.
LIMA, Venicio A. de. Mídia – Teoria e política. S. Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004.
BRIGGS, Asa e BURKE, Peter. Uma história social da mídia. – De Gutenberg à Internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004.

A impressão

Costuma-se dizer que a criação da prensa gráfica foi um dos grandes feitos de todos os tempos. A prensa gráfica foi inventada por Gutenberg (1398-1468, Mogúncia, Alemanha), em 1450. Ele usou tipos móveis de metal para imprimir o primeiro livro da humanidade: a Bíblia de 42 linhas. Talvez Gutenberg tenha se inspirado nas prensas de vinho de sua região natal, banhada pelo rio Reno, para criar a prensa gráfica.
Antes do invento de Gutenberg, a China e o Japão já se utilizavam da “impressão de bloco”: um único texto, impresso em uma só folha, era entalhado na madeira.
A prensa gráfica se espalhou rapidamente e, em 1500, já haviam sido instaladas máquinas de impressão em mais de 250 lugares na Europa. O contrário ocorreu na Rússia, onde hoje são a Sérvia, a Romênia e a Bulgária. Isso porque a educação formal estava confinada ao clero. Em 1564, um russo levou a técnica para Moscou e teve sua oficina destruída por uma quadrilha.
As maravilhas da invenção da prensa gráfica não foram unanimidade. Os escribas não gostaram nada da novidade e viram seu ofício ameaçado de extinção. A prensa desagradou também aos homens da igreja, já que, com textos impressos, os homens de baixa hierarquia social podiam estudar sozinhos.
O surgimento dos jornais (século XVII) aumentou a ansiedade sobre os efeitos da nova tecnologia. Na Inglaterra, na década de 1660, sir Roger l’Estrange, o censor-chefe de livros, questionava se “mais males que vantagens eram ocasionados ao mundo cristão pela invenção da tipografia”. “Oh, tipografia! Como distorcestes a paz da humanidade!”, dizia.
A explosão da informação constitui-se um problema para os acadêmicos. A propósito, a expressão “explosão”, usada na época, foi uma metáfora imprópria da pólvora. Havia uma dificuldade de recuperar a informação e fazer a seleção e crítica de livros e autores. Havia também a necessidade de métodos para organizar e administrar a informação. Isso se parece com algo que vivemos nos dias de hoje? Na internet, por exemplo, temos muita informação e precisamos aprender a selecioná-la, organizá-la de acordo com nossas necessidades de comunicação.
Antes da invenção da prensa impressora no século XV, os padres, a elite política, os eruditos e os escribas começaram a perder seu monopólio de ler e escrever.
Se no início da Idade Média havia a escassez de livros, no século XVI já havia queixas de que havia tantos livros que as pessoas nem tinham tempo para ler. A enchente de livros resultou na ampliação das bibliotecas. Para encontrar livros nas prateleiras foi necessário criar catálogos por assunto e ordem alfabética de autores.
A invenção da prensa gráfica mudou a estrutura ocupacional das cidades européias (sobretudo da Itália, Alemanha, França): os impressores eram artesãos letrados, surgiram outras ocupações, como vendedores de livros e bibliotecários, corretores de provas tipográficas.

Efeitos do surgimento da imprensa
O surgimento da prensa gráfica ocasionou efeitos semelhantes ao surgimento da escrita para a humanidade: propiciou a disseminação de idéias, promoveu mudanças entre espaço e discurso (as idéias propagadas em um lugar poderiam ser levadas a outro lugar), surgem os diagramas e a organização visual dos livros acadêmicos do século XVI e promoveu a permanência e a fixação das mensagens. As publicações padronizaram e preservaram o conhecimento e deram margem a uma crítica à autoridade, favorecendo a disseminação de diferentes idéias sobre um mesmo assunto.
A diferença fundamental é que a prensa gráfica era potencializada pela automação, tornando os efeitos mais poderosos.
McLuhan chamou de “cultura das publicações”. A historiadora norte-americana, Elizabeth Eisenstein, em estudo publicado em 1979, considera a imprensa “a revolução não reconhecida”. Revisando a importante análise de Elizabeth Eisenstein, décadas depois, é preciso reconsiderar alguns exageros em seus estudos. “As alterações que ela salientou aconteceram por um período de menos de 3 séculos, da Bíblia de Gutenberg à Encyclopedia de Diderot (a famosa Enciclopédia, publicada entre 1751 e 1765 resultou em 35 volumes, num trabalho de D’Alembert, Diderot, Voltaire e Rousseau; tinha o objetivo de despertar a consciência política e transmitir o conhecimento. A publicação da Enciclopédia foi um evento crucial na história da comunicação, dada a sua importância política). É possível uma revolução tão lenta ser considerada uma revolução? A historiadora enfatiza demais a técnica de impressão em detrimento de escritores, impressores e leitores que usam a tecnologia segundo seus objetivos. Esses, sim, são os agentes da mudança. A técnica é mais o suporte do que a origem das mudanças sociais.

O fluxo de informações
O fluxo de informações segue o fluxo do comércio. Os mercadores, por mar ou terra, traziam as novidades com as mercadorias. Segundo o cientista político norte-americano Karl Deutsch, “A comunicação são os nervos do governo”, dada a importância de os governos fazerem suas ordens chegarem aos destinatários. A lentidão entre o envio e recebimento de uma mensagem incomodava e muito os governos.
Os imperadores faziam uso do sistema postal, na chamada Era do Papel (século XVI). O sistema postal era assim chamado porque homens e cavalos estacionavam em postos ao longo das estradas.
Mensagens iam a seu destino a uma velocidade de 10 a 13 km/h. Para se ter uma idéia, o tempo gasto para a chegada de mensagens de Roma a Paris era 20 dias e de Roma a Londres, 30 dias.
A comunicação por mar era mais rápida do que por terra. Os impérios dos primórdios da Europa moderna eram marítimos, com exceção da Rússia. No império russo, uma ordem imperial de Catarina, a Grande (1762-1796), levava 18 meses para ir de São Petersburgo a Kamtchaka, na Sibéria, e outros 18 meses para receber resposta.
Para se comunicar com seus vice-reis no México e no Peru, Felipe II, rei da Espanha, e seus sucessores dependiam de partidas e retornos dos navios que transportavam a prata do Novo Mundo para o porto de Sevilha, utilizando-se, assim, as comunicações (navios) transatlânticas. Cartas da Espanha para o México levavam 4 meses para chegar. Para Lima, de 6 a 9 meses.

Outras formas de comunicação
Comunicação oral na igreja - Na Idade Média, o altar ocupava o centro das igrejas. O sermão dos padres era obrigatório. As possibilidades do meio oral eram reconhecidas como retórica eclesiástica. Para o sociólogo Zigmunt Bauman, os púlpitos da Igreja Católica eram meios de comunicação de massa. Apesar de saudar a técnica da impressão como “graça de Deus”, Martinho Lutero (1483-1546) considerava a igreja como “casa da boca e não da pena”.
Comunicação oral acadêmica - O ensino nas universidades se baseava em palestras, debates formais, discursos ou declarações, testando o poder da retórica (a arte da fala e do gesto).
O canto era outro importante domínio da comunicação oral, especialmente a balada, canção que contava uma história.
Nos boatos ou “serviço postal oral”, as mensagens eram transmitidas em velocidade admirável. Disseminavam-se por motivos políticos ou espontâneos.
A cultura oral esteve presente nas academias, sociedades científicas, salões, clubes, cafés, tabernas, banhos públicos. Contadores de histórias faziam performances orais. Os cafés eram mantidos sob vigilância; os governos preocupavam-se com comentários subversivos.
Na comunicação escrita, a ocupação comum era a de escritor público (ver filme Central do Brasil). Cresce o número de ocupações ligadas à escrita, como conseqüência do letramento: contadores, escrivãos, escritores públicos, carteiros. Quando se fala de meio de comunicação escrito não se refere apenas a manuscritos, pena e tinta. Consideram-se também inscrições e epitáfios.
Comunicação visual – é a linguagem do gesto, muito valorizada na retórica ou nas artes plásticas, como as pinturas.
Imagens impressas / estampa: xilogravura, século XVI – bloco de madeira ou placa de cobre ou aço, com imagem cinzelada na placa (gravada) ou feita por corrosão/ácido (água forte).
Comunicação multimídia – combinava o apelo dos olhos e dos ouvidos simultaneamente; combinava as mensagens verbais e não-verbais, musicais e visuais: peças, balés, óperas, espetáculos (batalhas, execuções públicas), rituais (era uma maneira de transmitir uma mensagem de forma a ser melhor assimilada pela população, criando solidariedade. Ex.: missa, procissão etc.).
Iconotextos – imagens complementadas por textos, necessários para a compreensão de uma mensagem.
Interação/coexistência entre velhos e novos meios de comunicação: os manuscritos continuaram a ser usados (cartas familiares e comerciais), interação entre TV e cinema e interação entre mídia oral e impressa.


Referências bibliográficas:
BELTRÃO, Luiz e QUIRINO, Newton de Oliveira. Subsídios para uma teoria da comunicação de massa. São Paulo: Summus, 1986. P. 21 a 24.
BORDENAVE, Juan Díaz. O que é comunicação. S. Paulo: Brasiliense, 2002 (27a. ed.). P. 12 a 29 e 35 a 41.
GIOVANNINI, Giovani. Evolução na comunicação. Rio: Nova Fronteira, 1984. P. 23 a 83.

O que é comunicação

Comunicação é a forma como as pessoas se relacionam entre si, dividindo e trocando experiências, idéias, sentimentos, informações, modificando mutuamente a sociedade onde estão inseridas. Sem a comunicação, cada um de nós seria um mundo isolado.
Comunicar é tornar comum, podendo ser um ato de mão única, como TRANSMITIR (um emissor transmite uma informação a um receptor), ou de mão dupla, como COMPARTILHAR (emissores e receptores constroem o saber, a informação, e a transmitem). Comunicação é a representação de uma realidade. Serve para partilhar emoção, sentimento, informação.
Quem comunica é a fonte e, do outro lado, está o receptor. O que se comunica é a mensagem. Pode ser vista, ouvida, tocada. As formas de mensagens podem ser: palavras, gestos, olhares, movimentos do corpo. As formas como as idéias são representadas são chamadas de signos. Em conjunto, formam os códigos: língua portuguesa, código Morse, Libras, sinais de trânsito.
“Os meios são usados pelos interlocutores para transmitir sua mensagem. São eles: o artesão usa o barro, sua mão, sua voz para transmitir conhecimento ao filho. O locutor usa sua voz, o roteiro, o disco, a emissora de rádio, a fita gravada” (BORDENAVE).
Antes do surgimento dos meios tecnológicos de transmissão de informação (TV, rádio, internet etc.), os meios de comunicação utilizados eram físicos, como os rios, navios, estradas etc.

Por que comunicar
A comunicação está contida no nosso ambiente social. Em uma conversa de botequim, em um gesto qualquer de reprovação, em um sinal de trânsito, em um espetáculo de dança ou em um diálogo entre surdos-mudos, só para citar alguns exemplos. É impossível dissociar nossa vida, nossas necessidades, da comunicação.
“Estudos feitos durante greves de jornais demonstram a intensidade dos sentimentos de privação e frustração que se desenvolvem quando a leitores habituados lhes falta a leitura diária” (BORDENAVE).
Estudos também revelam que os meios de comunicação exercem influências positivas e negativas na vida das pessoas. Ex.: jornais podem ajudar na tomada de decisão importante, propiciar o estabelecimento de contatos sociais, dar status (atributo intangível). Novelas fazem “companhia” às pessoas, propiciam uma catarse emocional. Através das novelas, as pessoas aliviam carências, fracassos.

Como evoluiu a comunicação
Por meio do grunhido, o homem primitivo imitava os sons da natureza (canto dos pássaros, latidos, trovão). É possível que não produzissem som apenas pela boca, mas também com as mãos, pés ou a partir de objetos. O homem evolui fisiologicamente até a libertação das mãos (homo erectus). A posição ereta vertical possibilitaria a valorização da linguagem gestual. A voz é transformada em fala.
Os homens encontraram uma forma de associar um som ou objeto a um gesto ou ação. Assim nasceu o signo, que é qualquer coisa que faça referência a outra coisa, dando-lhe uma significação. Os signos podem ser representados por símbolos (objetos físicos que dão significação moral. Exs.: bandeira e hino nacional, mulher cega segurando uma balança, alianças do casal)e sinais (indícios que possibilitam conhecer, reconhecer ou prever algo. Exs.: Sinais de trânsito, sinais ortográficos, sinais de luzes nos aeroportos, nas traseiras dos carros, luz de freio etc. O homem também descobre seus sinais: pegadas humanas na praia são indícios de que alguém esteve ali, dor nas articulações é indício de que vai chover). A atribuição de significados a determinados signos é a base da linguagem.
Uma grande invenção do homem foi a gramática, que passou a ordenar o conjunto de regras para relacionar os signos entre si. A gramática ordenou a estrutura da apresentação dos signos. É por isso que dizer “Presidente Lula abandona o vício de beber” é diferente de dizer “O vício de beber abandona o presidente Lula”.
Como vimos, as primeiras formas de comunicação humana foram oral e gestual. Porém, a linguagem oral sofria da falta de permanência (perdia-se no tempo) e de alcance (não atingia longas distâncias). Para fixar seus signos o homem valeu-se dos desenhos e, mais tarde, da escrita.
Já para alcançar longas distâncias o homem recorreu a signos sonoros e visuais: berrante, sinal de fumaça, sons originados de instrumentos de percussão (tribos), desenhos, monumentos (moais).
O problema da permanência e da distância foi resolvido com o surgimento da escrita (5.000 a.C.), já que a mensagem escrita pode ser transportada a qualquer distância. Assim, temos a comunicação direta, feita por meio palavras e gestos, e a comunicação à distância, feita por meio de sons, sinais, manifestações culturais. Uma dessas manifestações culturais pode ser observada entre os fiéis de uma igreja. Para a igreja, as imagens eram tão importantes que um beijo de um iletrado em uma estátua equivalia à mesma devoção daqueles que sabiam ler (Papa Gregório, o Grande. a.C. 540 – 604).
É comum dizermos que estamos na era da imagem. Grande equívoco. Durante muito tempo a cultura foi difundida por meio da imagem, importante forma de comunicação e de propaganda no mundo antigo (Roma). Para os cristãos, a imagem era uma forma de comunicação e de persuasão. Muitos acham que este é um fenômeno moderno, mas, durante a Idade média, só os monges tinham acesso à linguagem escrita. Toda a fé religiosa era retratada nas pinturas e nos vitrais das igrejas.

Evolução da linguagem escrita
A linguagem escrita era representada por meio de pictogramas (3.300 a.C.), signos que correspondem à imagem gráfica (desenho). Os sumérios foram os primeiros a usar a escrita (Ex.: hieróglifos do Antigo Egito). A Suméria é civilização mais antiga da humanidade, localizada no sul da Mesopotâmia, entre o rio Tigre e Eufrates, onde hoje está o Iraque (Oriente Médio). Foi nessa região que se deu grande passo para o desenvolvimento da linguagem, porque era rica economicamente e intensa em atividades mercantis. Ali circulavam textos administrativos, econômicos e religiosos. Entretanto, ler e escrever era tarefa dada a peritos (escribas), que levavam muitos anos para aprender os significados dos sinais cuneiformes (escritos com objetos em forma de cunha). Isso divide a sociedade entre os que saber ler e os que não sabem.
O homem teve a necessidade de ampliar o significado dos signos e estes passaram a corresponder a idéias e não mais a palavras isoladas. Esse tipo de escrita recebeu o nome de ideográfica, assim como os ideogramas chineses e japoneses (Ex.: para os índios da América do Norte, pássaro voando = pressa. Para os antigos egípcios, pássaro com cabeça de homem = alma).
O homem percebeu que os signos gráficos, que eram representados pela palavra, possuíam som (fonema). Os sons são representados por unidades menores que as palavras. Nascia o conceito de letra (A, B, C...) e, por conseqüência, o alfabeto (2.000 a C). Com isso qualquer pessoa podia aprender o som sem necessariamente conhecer o signo ou o seu significado. O alfabeto é o estágio final da evolução da escrita.
Como transportar signos a distância seria o próximo passo a evoluir. Depois de escrever em pedras, rocha calcária, linho (o mesmo que envolvia as múmias), papiro e pergaminho de couro de animal, era preciso inventar um suporte mais prático. Os chineses parecem ter sido os primeiros a inventar o papel (século II d.C.) e os tipos de imprensa móveis, feitos de barro cozido, estanho, madeira ou bronze.
Na China e no Japão, já no século VIII, era utilizado um método de impressão chamado de “impressão de bloco”, no qual era usado um bloco de madeira entalhada para imprimir uma única página de um único texto.

O homem e a escrita
A escrita melhora a comunicação humana, possibilitando ganhos em relação à comunicação oral ou por meio dos monumentos. A mensagem adquire durabilidade, profundidade e clareza, podendo ser lira, relida, criticada e modificada a qualquer tempo. O homem utiliza a escrita para documentar seus feitos e conquistas. A escrita impulsiona o desenvolvimento das artes, da literatura e da ciência.
A partir da escrita, a sociedade passa a acumular conhecimento e pode reunir experiências do passado para difundir entre a sociedade vigente. O homem também pode descrever o presente, sem que as informações se percam.
Porém, as classes dirigentes percebem o poder da escrita e a monopolizam. Após a queda do Império Romano (que ocorre com a invasão bárbara, 480 a.C.), a igreja guarda os escritos nos monastérios.
Durante mil anos, praticamente reduzida à forma latina, a escrita será o instrumento da reconstrução do Ocidente sob o monopólio do cristianismo.
A civilização medieval na Europa não é manuscrita porque esta é monopolizada pela classe sacerdotal. A igreja vigia o que é escrito e pune idéias contrárias à ordem estabelecida.
Na Idade Média ocorre o acúmulo de volumes manuscritos, bulas, editais papais, ordenações jurídicas. Havia também obras clandestinas literárias, políticas e científicas que escapavam dos censores e inquisidores.
A leitura era um fenômeno coletivo, já que os livros pertenciam a bibliotecas (as bibliotecas foram criadas em 323 a.C. e os bibliotecários eram gramáticos famosos que corrigiam e catalogavam os textos); lia-se em voz alta como atividade grupal; o livro impresso permite a posse individual, estimula a reflexão e a crítica do leitor, levando o indivíduo a usar mais a razão. “O racionalismo neutraliza a fé e contribui para o amplo desenvolvimento cultural do homem”.

Para refletir:
Quais são os objetivos mais freqüentes na comunicação?
Quais as diferentes formas de comunicação?
É possível viver sem a comunicação?


Referências bibliográficas:
BELTRÃO, Luiz e QUIRINO, Newton de Oliveira. Subsídios para uma teoria da comunicação de massa. São Paulo: Summus, 1986. P. 21 a 24.
BORDENAVE, Juan Díaz. O que é comunicação. S. Paulo: Brasiliense, 2002 (27a. ed.). P. 12 a 29 e 35 a 41.
GIOVANNINI, Giovani. Evolução na comunicação. Rio: Nova Fronteira, 1984. P. 23 a 83.